O desenvolvimento de sistemas e soluções integradas tem um grande potencial para melhorar o planejamento e gestão das nossas cidades. O uso de tecnologias veio para ficar e, definitivamente, mudar a forma que interagimos em áreas urbanas e vivemos em sociedade.
Nosso post de hoje é sobre o uso de tecnologias em áreas urbanas e sua contribuição para o planejamento e gestão das cidades, além da melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Atualmente, temos diversos exemplos de suas aplicações, como o uso de centros operacionais para monitorar o dia a dia da cidade e realizar ações para a melhoria do tráfego, monitoramento de chuvas, principalmente para áreas de risco, segurança pública, dentre outros.
Quando se fala em uso de tecnologia em cidades, pensa-se logo no termo Smart Cities (ou cidades inteligentes). De acordo com dois pesquisadores da University of Lodz, na Polônia, o conceito de Smart City é baseado em diversas áreas de tomada de decisão relacionadas à qualidade de vida, além de considerar uma abordagem sistêmica para a resolução de um problema.
Para a Comissão Executiva da União Européia, Smart Cities são locais onde os serviços tradicionais tornam-se mais eficientes com o uso de tecnologias digitais e de telecomunicação para benefício das pessoas e dos negócios. Ainda, são locais que possuem uma rede de transporte mais inteligente, melhores instalações de abastecimento de água e esgoto, formas mais eficientes de controle de temperatura de ambientes e provisão de iluminação pública, administração municipal mais interativa e receptiva e espaços públicos mais seguros.
Atualmente, são usadas seis escalas para verificar o quão uma cidade é inteligente, listadas a seguir:
- Economia inteligente: alta produtividade com base no uso e combinação de diferentes meios de produção usando conhecimento, inovação e mercado de trabalho flexível. A economia deve ser caracterizada pela utilização de soluções inovadoras e adaptações flexíveis a circunstâncias variáveis.
- Mobilidade inteligente: transporte e comunicação digital devem ser baseados em tecnologias avançadas necessárias para a otimização no uso da infraestrutura existente.
- Meio ambiente inteligente: otimização do consumo de energia através do uso de fontes de energia renováveis, esforço para redução de emissões de resíduos e uso de políticas de gestão de resíduos com base nos princípios de desenvolvimento sustentável.
- Pessoas inteligentes: mudanças na sociedade devem ter ponto de partida em seus cidadãos, que, providos de suporte técnico apropriado, são capazes de prevenir o consumo excessivo de energia e a poluição, além de buscarem uma qualidade de vida.
- Vivência inteligente: ambiente amigável resultado da ampla oferta de acesso à serviços públicos, infraestrutura técnica e social, alto nível de segurança, ampla oferta cultural e de entretenimento, além do cuidado adequado com o meio ambiente e vegetação.
- Governança inteligente: formação de um sistema de governança adequado, desenvolvimento de procedimentos que requerem a cooperação entre autoridades locais e outros usuários da cidade e o uso de novas tecnologias para a gestão da cidade.
O desenvolvimento de tecnologias inovadoras, especialmente tecnologias de computação e comunicação, permitem que a funcionalidade das cidades contemporâneas seja melhorada significativamente. A inteligência está na capacidade de resolver problemas, perceber relacionamentos, aprender, adaptar-se às circunstâncias externas mutantes, aproveitar oportunidades, prevenir ameaças, agir deliberadamente, pensar racionalmente e lidar com problemas de maneira eficaz, processar informações ativamente, agir logicamente e prever as consequências etc. (Herzberg, 2017)
Diversas cidades têm utilizado a tecnologia para monitorar as áreas urbanas, melhorar a sua gestão, otimizar gastos e melhorar a qualidade de vida da população. Abaixo citaremos alguns exemplos:
Barcelona: desde 2012 a cidade tem implementado tecnologias responsivas em diferentes sistemas urbanos incluindo transporte público, estacionamento, iluminação pública e gestão de resíduos sólidos. Na iluminação pública por exemplo, foram instalados medidores inteligentes que monitoram e otimizam o consumo de energia em determinadas áreas da cidade. Com relação aos resíduos sólidos, lixeiras possuem sensores que monitoram os níveis de resíduos e otimizam as rotas de coleta.
Com relação aos transportes, Barcelona buscou uma estratégia multimodal, promovendo o uso de carros elétricos e compartilhamento de bicicletas, além de ter investido na melhoria do transporte público e gestão de estacionamento público.
Helsinki: a cidade ganhou o primeiro lugar como melhor lugar do mundo para serviços categorizados como Mobility-as-a-Service (Maas). A plataforma digital Whim por exemplo oferece flexibilidade no uso do transporte para os seus cidadãos.
Singapura: a cidade-estado implementou lançou o projeto Smart Nation que conta com uma diversidade de soluções que fazem uso da tecnologia e visa a melhoria da qualidade de vida das pessoas. As iniciativas abrangem os seguintes eixos: projetos estratégicos nacionais, vida urbana, transportes, saúde, serviços governamentais digitais, startups e negócios. Dentre os projetos, pode-se destacar o uso de drones para pesquisar potenciais áreas de proliferação do mosquito da dengue, plataforma digital 3D que permitirá o desenvolvimento de simulações usando um modelo de cidade em grande escala, dados de transportes abertos visando a melhoria da oferta do transporte público e gestão do tráfego, dentre muitos outros. Vale a pena conferir os projetos que são apresentados no site.
Amsterdam: foi uma das primeiras cidades a adotar estratégias de smart cities no continente europeu. Dentre as iniciativas implementadas pode-se destacar a plataforma digital onde instiuições públicas, privadas, universidades e pesquisadores parceiros podem se comunicar e coordernar projetos e ideias em diferentes áreas. Nessa plataforma você pode encontrar projetos como sensores que monitoram o fluxo de tráfego e áreas para estacionamento em tempo real, aplicativos que incentivam a carona compartilhada e que potencializam a conectividade entre vizinhos de um mesmo bairro.
Seul: a cidade tem investido na provisão de espaços físicos colaborativos, onde as pessoas podem se encontrar, relaxar e inovar. Na prefeitura, por exemplo, foram disponibilizados espaços para leitura, discussão e recreação.
Com relação a mobilidade, Seul possui um sistema participativo de monitoramento integrado que abrange toda a cidade. Esse sistema rastreia o fluxo de veículos e pedestres em tempo real, bem como monitora o uso do transporte público através de um sistema de bilhetagem inteligente.
Quando pensamos no Brasil, há um avanço pequeno no uso de tecnologias quando comparado a outras cidades. Podemos citar alguns exemplos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador. As iniciativas implementadas em cidades brasileiras será assunto para um próximo post.
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Referências:
- HERZBERG, C. (2017) Smart Cities Digital Nations: how digital urban infrastructure can deliver a better life in tomorrow’s crowded world. Editora: Roundtree Press, Califórnia.
- KON, F. e SANTANA, E. F. Z. (2016) Cidades Inteligentes: Conceitos, plataformas e desafios. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/313793896_Cidades_Inteligentes_Conceitos_plataformas_e_desafios, acesso em: fevereiro de 2019.
Sites visitados:
- http://www.smart-cities.eu/?cid=2&ver=4
- https://datasmart.ash.harvard.edu/news/article/how-smart-city-barcelona-brought-the-internet-of-things-to-life-789
- https://www.hel.fi/uutiset/en/kaupunginkanslia/helsinki-claims-several-top-positions-in-2018-smart-city-comparisons
- https://hub.beesmart.city/city-portraits/tag/leading-smart-cities
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